O conceito de banheiro que conhecemos atualmente é relativamente recente. Ele foi “inventado” na segunda metade do século 19 quando, graças às tecnologias modernas, o acesso à água foi facilitado e sistemas aceitáveis de esgoto foram criados.
Perini Journal
Para os romanos, os banhos representavam o ponto de encontro por excelência. Eles passavam tardes inteiras lá dentro conversando com amigos, fechando negócios, comendo ou tendo encontros amorosos. O contato com a água que se podia desfrutar nos banhos em fartas quantidades e em temperaturas variadas constituía um prazer para os sentidos, um momento de vida comunitária profundamente enraizado na cultura romana. Posteriormente, com o Cristianismo, a ideia dos prazeres do corpo encontrou uma dimensão muito diferente, e a destruição causada pelos invasores do norte reduziu amplamente as possibilidades de acesso à água.
Por meio de uma evolução social e cultural complexa, os locais para banhos e higiene pessoal foram reinventados várias vezes (ver artigo na página 107), até que, no início do século 20, surgiu a forma que conhecemos atualmente: um ambiente fechado, íntimo e fortemente privado para nossas necessidades de limpeza pessoal. Originalmente, era um prazer exclusivo da minoria rica, mas, com o reconhecimento social da importância das normas higiênicas, ele se expandiu pelas camadas culturais.
NA MAIORIA DOS CASOS, O TAMANHO DO BANHEIRO É REDUZIDO PARA O ABSOLUTAMENTE ESSENCIAL: além das instalações sanitárias - pia, banheira, privada e, quando utilizado, o bidê - o espaço se limita ao que é ergonomicamente necessário para seu uso.
Uma verdadeira máquina de higiene. Em famílias grandes, seu uso acabou constituindo um motivo para conflitos matutinos. Para muitos, é o único lugar da casa considerado um canto de tranquilidade, livre de olhares indiscretos, que propicia os pensamentos engenhosos que nascem ali dentro.
A PARTIR DAS DÉCADAS DE 70 E 80, com a difusão da casa própria para parte de uma porcentagem maior da população, ocorreu um processo gradual de melhoria e personalização das áreas individuais do lar como uma extensão da personalidade das pessoas que ali moravam, e se tornou objeto de investimentos emocionais na autoexpressão, além de investimentos econômicos. Uma conquista importante veio com a divisão entre o banheiro principal e um banheiro menor, geralmente também um local para lavar roupas. Com essa mudança, o banheiro “principal” adquire dimensões maiores, excedendo a mera funcionalidade e se tornando objeto de maior desejo de expressão.
O formato das instalações começam a passar pelas mãos de designers que enriquecem suas propostas para uma clientela que deseja projetar sua personalidade e status também nos detalhes que foram delegados ao empreiteiro ou pedreiro. E a tecnologia também melhorou: antes, a pessoa podia ficar embaixo do chuveiro sem água quente porque ela era produzida em quantidade limitada. Agora, com os novos aquecedores com “modulação de chama”, o fornecimento de água quente pode ser instantâneo e na quantidade desejada!
Também houve melhora na ventilação do cômodo, cuja troca natural de ar é garantida por aberturas impostas por normas da construção civil.
DESDE ENTÃO, MUDANÇAS - COM O SUPORTE DE NECESSIDADES CADA VEZ MAIS ESPECÍFICAS E RESTRITAS - continuaram a surgir. Mais recentemente, a atenção com aspectos ecológicos fez com que as fábricas buscassem técnicas de conservação de água, encanamento isolado para impedir a dispersão de calor e redução nos níveis de ruído. Atualmente, as empresas que produzem instalações sanitárias - com o apoio da criatividade de estrelas da arquitetura, tendem a propor soluções coordenadas dos elementos necessários para um banheiro e as apresentam em catálogos elaborados e chamativos (disponíveis online na versão digital). Os ambientes que encontramos são voltados para satisfazer as exigências dos clientes com as mais diversas soluções estéticas e econômicas. Elementos de contorno, que não fazem parte de suas propostas, também destacam as mudanças de gosto. As paredes e pisos não são mais de azulejo de cerâmica com brilho - campo de ação para a “dona-de-casa” da década de 80. Em vez disso, prevalecem materiais naturais: pedra, gesso em estuque e madeiras exóticas, acompanhadas por iluminação profissional, completas com acessórios e objetos auxiliares capazes de despertar fortes desejos hedonistas.
O FORMATO DAS PIAS SE DIVERSIFICOU, seu visual é menos volumoso, mais geométrico, geralmente oval sobre um gabinete de madeira que esconde os canos e serve como suporte.
Uma solução que está se espalhando é a pia dupla para casais que precisam se lavar simultaneamente e não querem dividir o espaço.
A PRIVADA É O ELEMENTO QUE, TALVEZ MAIS DO QUE OS OUTROS, ESTÁ PASSANDO POR TRANSFORMAÇÕES IMPORTANTES. Há algum tempo, o formato oval deu lugar ao retângulo arredondado na frente. Muitas vezes, esse elemento é proposto numa versão suspensa para satisfazer uma necessidade visual por leveza, mas também para permitir a limpeza fácil de cada canto do piso.
O uso controverso do bidê que, nos países que o utilizam, é formalmente coordenado com a privada, hoje recebe apoio da alternativa de uma privada hiper-tecnológica capaz de executar ambas as funções sozinha. Esta solução, presente há algum tempo no Japão, hoje é comercializada por grandes empresas europeias como a Geberit e a Duravit. A privada inovadora é correlacionada por uma instrumentação eletronicamente controlada que realiza a higiene íntima e limpa correta e silenciosamente a privada por meio de dispositivos integrados à cerâmica.
BANHEIRA OU CHUVEIRO? Esse é o dilema para quem tem pouco espaço disponível. Mas para aqueles que não possuem restrições, o céu é o limite: desde as clássicas banheiras com acabamento em esmalte com pés em formato de garras até as banheiras gigantes, em formatos suaves e naturais com prateleiras em acrílico natural e resinas minerais, Jacuzzis angulares (e iluminação psicodélica!), até banheiras duplas embutidas no piso. A banheira geralmente é considerada o lugar onde o corpo pode relaxar, onde as ideias ficam mais claras. Vitrúvio narra que Arquimedes teve a intuição para sua famosa teoria quando entrou em uma banheira que transbordou quando seu corpo foi imerso; ele saiu da banheira nu, gritando pelas ruas “Eureka! Eureka!”.
MAS MESMO AQUELES QUE PREFEREM O CHUVEIRO PODEM VIVENCIAR OS PRAZERES QUE A ÁGUA PODE OFERECER. Os chuveiros modernos liberam um fluxo de água delicado e acariciante que pode se transformar em uma refrescante cascata (por exemplo, com o modelo Arethusa, fabricado pela Tender Rain). Ambientes com chuveiro aberto também podem ser criados, sem um box de vidro, trocando o piso do chuveiro por pequenas canaletas que passam pelo piso e que podem coletar e canalizar a água de maneira eficiente. Mas mesmo para aqueles que temem inundar o banheiro e optam pelo box tradicional, as oportunidades são ilimitadas. Próximos às propostas modernas com portas fixas de vidro, encontramos o OpenSpace da Duravit, graças ao qual podemos criar um box com portas que, quando não estão sendo utilizadas, podem ser fechadas contra a parede, recuperando assim o espaço útil para o ambiente do banheiro, e um espaço virtual com uma porta que parece um espelho.
E a Duravit também oferece o St. Trop, um box que também atua como um potente banho turco com temperaturas de 42 a 50° C e 100% de umidade capaz de beneficiar, em um pequeno espaço, o sistema respiratório e a pele, e de paparicar e relaxar o usuário.
PESQUISA ESTILÍSTICA, HABILIDADE PRECISA, TECNOLOGIAS INOVADORAS E DESIGN CONTEMPORÂNEO tornam o ambiente atual do banheiro não apenas flexível, confortável e funcional, mas também passível de personalização para o gosto e o estilo. É o cômodo mais privado da casa, mas hoje ele adquiriu grande importância para a expressão e se tornou um meio importante por meio do qual qualquer um pode afirmar sua personalidade e status. *