PJL-46

Edda Bresciani e o Egito desvendado

As descobertas, os estudos e a vida da ilustre arqueóloga que expôs as grandes obras da civilização egípcia.

Franca Severini 


Aprofessora Edda Bresciani está entre as grandes autoridades do mundo da Egiptologia; acadêmica que, com independência e grande força de vontade, marcou a história dessa cultura antiga, ainda hoje fascinante e rica em mistérios a serem revelados. Em Lucca, a cidade onde ela nasceu e onde vive atualmente, ela frequentou a Universidade de Pisa, onde hoje é professora emérita de Egiptologia. Em colaboração com a universidade, ela dirigiu e desenvolveu, ao longo dos anos, o projeto ISSEM, culminando na extraordinária inauguração do Parque Arqueológico Medinet Madi e no Centro para Visitantes na região de Fayoum, em 2011. E são muitas as descobertas que ela expôs ao longo de sua longa carreira como arqueóloga, a ponto de dedicarem a ela um templo devido à importância de seu trabalho, e uma de suas descobertas - o primoroso manto fúnebre primorosamente pintado da época romana de Saqqara - em exibição no Museu do Cairo. Entre os grandes objetos descobertos: a série de esplêndidas peças de cerâmica que remontam ao Reino Médio do local de escavação de Gurna, o conjunto de utensílios de cerâmica para cozinhar da "Casa com três fornos" do Novo Reino em Gurna, e os belos tesouros do túmulo do Vizir Bakenrenef em Saqqara, estátuas de madeira, amuletos, faixas inscritas com textos e cenas do Livro dos Mortos, e muito mais. 


A HISTÓRIA DE EDDA BRESCIANI INCORPORA O FASCÍNIO DE UMA HEROÍNA DO PASSADO, embora a natureza científica e meticulosa da verdadeira acadêmica prevaleça fortemente sobre o manto de lenda que a envolve. Ela foi a primeira pessoa a se formar em Egiptologia na Itália, em 1955, portanto, a primeira mulher, além de ter sido a primeira professora dessa disciplina, em uma faculdade criada claramente para ela. Sua carreira começa no Egito, principalmente na região de Fayoum, onde, nos anos 70, ela foi diretora da missão arqueológica em Medinet Madi e também em Saqqara e Gurna, em Tebas. Naquela época, uma missão arqueológica comandada por uma mulher era uma grande novidade, e a professora Bresciani lembra com carinho o fato de que, em árabe, não há um termo para "diretora", somente para o masculino, "diretor": foi criado para ela o título "mudira", do masculino "mudir".


MEDINET MADI, ATÉ KOM MADI, WADI EL RAYAN E WADI EL HITAN, é o local onde Edda Bresciani descobriu tesouros e arquiteturas valiosas que, desde 2011 - ano da inauguração do parque - podem ser vistas por todos e onde um grande número de descobertas e novidades, acima de tudo arquiteturais, contribuem para o conhecimento da história egípcia, desde o Reino Médio até os dias de domínio grego e romano. Por exemplo, a descoberta de um terceiro templo para Sobek, o deus egípcio do Nilo e deus dos crocodilos, além dos dois templos descobertos por Achille Vogliano nos anos 30, representa um sucesso impressionante devido a sua estrutura extraordinária que remonta ao período Tolomeano e designado como chocadeira de ovos - com ovos encontrados no local - e a criação de crocodilos destinados para mumificação e oferenda à divindade. Além disso, há uma descoberta importante de dez igrejas, que remontam aos séculos VII-XI, uma importante contribuição ao entendimento do Cristianismo em Fayoum, que foi objeto de exposições em todo o mundo.


EM MEDINET MADI, AS DESCOBERTAS DE BRESCIANI SE AMPLIARAM, cobrindo uma vasta área previamente delimitada por Vogliano, onde, da areia, duas estátuas de leão portando duas inscrições idênticas em grego que datam as peças da era de Cleópatra e Ptolomeu VIII. O Altar de Ísis é outra descoberta impressionante, restaurada como parte do projeto ISSEM citado acima em Medinet Madi, com a grande praça e o pórtico, as casas ao longo do dromoi, e com a descoberta excepcional de um grande poço sagrado para rituais no templo. E para o completo aproveitamento dessas descobertas, totalmente abertas ao público, com a ajuda do arquiteto Antonio Giammarusti, da Universidade de Pisa, a professora Bresciani concebeu a estrada panorâmica que atravessa o deserto e leva de Medinet Madi até a área naturalista protegida de Wadi Al-Rayan, adjacente a Wadi Al-Hitan, a área com restos fósseis de baleias. Das descobertas mais emocionantes da antiguidade às possibilidades modernas, a professora Edda Bresciani continua a marcar as eras da história, para um futuro ainda a decifrar. * 


BIOGRAFIA 

Edda Bresciani é arqueóloga, historiadora, filóloga, professora emérita de Egiptologia na Universidade de Pisa e diretora das missões de arqueologia da universidade no Egito. Fundadora da revista "Egitto e Vicino Oriente", honrada com inúmeros reconhecimentos como a “Medaglia d’Oro ai Benemeriti della Scienza e della Cultura” (Medalha de Ouro para a Ciência e a Cultura) e o prêmio “Premio Firenze Donna 2004 per le Professioni e la Ricerca”. Ela é membro da "Accademia dei Lincei" e da “Académie des Inscriptions et Belles Lettres” na França; autora de diversas publicações como “Lettera-tura e Poesia dell’Antico Egitto” pela Einaudi e "Nove Faraós" pela ETS Pisa, “Ramesse II” for Giunti, “La porta dei sogni. Interpreti e sognatori nell’Egitto antico” pela Einaudi, que lhe rendeu o Prêmio Nacional Literário de Pisa, “Medinet Madi.Venti anni di esplorazione archeologica (1984-2005)” e muitos outros. Ela realiza várias conferências em museus e instituições italianas e internacionais.



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