PJL-43

Modificações em máquinas e gestão dos aspectos de segurança

Luca Belgero, Alessandro Mazzeranghi

 

Nós estamos falando sobre um problema bem conhecido, especialmente nos países da UE, em que as diretivas de produtos inerentes à marcação CE de máquinas impõe leis precisas para máquinas que são modificadas, ao ponto em que podem ser consideradas novas. Os aspectos legais e formais constituem uma restrição, mas por seguirmos rigirosamente as regras estabelecidas, corremos o risco de perder de vista um contexto muito mais amplo. No setor do tissue, principalmente a segurança no trabalho passa através da segurança das máquinas. Este é o motivo pelo qual nós tratamos o tema de maneira específica, e garantir a segurança das máquinas nas quais os operadores trabalham é um objetivo principal de qualquer empresa, independentemente das leis nacionais aplicáveis. É uma questão de ética, mas também de bom senso: acidentes no trabalho danificam o patrimônio das competências empresariais, desanimam as pessoas e causam crises para a empresa.

Assim, mesmo sob o perfil estritamente utilitário, estes são eventos a serem evitados. Tendo dito isto, nós temos de lidar com a realidade, também. Técnicas de segurança estão evoluindo, mais graças aos sistemas de segurança ou máquinas de produção do que às normas que, por vezes, expressam uma tecnologia de última geração que parece mais fruto da imaginação que do conhecimento concreto do campo industrial em referência. Por conseguinte, falando concretamente, pensar sobre seguir a evolução da tecnologia de última geração através da atualização contínua das máquinas ano após ano, inovação após inovação, é algo claramente não razoável e nem mesmo as legislações mais atentas exigem tanto. Vejamos porquê.

 

ATUALIZAR MÁQUINAS ANTIGAS À TECNOLOGIA DE ÚLTIMA GERAÇÃO: ESSA É REALMENTE A ESCOLHA CORRETA? Vamos considerar uma máquina de conversão de rolos fabricada no final da década de 80 que ainda esteja funcionando perfeitamente, já que, no decorrer do tempo, ela passou por manutenções cuidadosas que nunca, no entanto, implicaram em intervenções de renovação ou atualização.

Se olharmos para uma máquina de conversão de rolo do mesmo fabricante, colocada no mercado hoje, nós encontramos um produto completamente diferente, tanto em termos de recursos como de segurança. Utilizar a nova máquina como referência de tecnologia de última geração para adaptar os aspectos de segurança de uma máquina que tem mais de vinte anos seria irracional por duas razões:

Em primeiro lugar, o aspecto de segurança das máquinas atuais se baseia em eletrônicas completamente diferentes daquelas que caracterizavam as máquinas dos anos 80, e também sob o perfil de interação homem/máquina, hoje existem soluções que permitem a minimização desta e que são impossíveis de replicar em máquinas antigas sem as revolucionar, mecânica e eletricamente. Em segundo lugar, porque tal investimento em uma máquina antiga - embora bem preservada - não faz sentido sob o perfil de gestão empresarial.Assim, a tecnologia de última geração não é referência para a segurança de máquinas mais antigas.

Em vez disso, a referência deveria ser o resultado de uma avaliação de risco concreta, que destacará os problemas de segurança presentes e permitirá a definição de medidas técnicas e organizacionais para reduzir os riscos a um nível aceitável. Podemos, portanto, falar em um nível mínimo de segurança a ser perseguido, que não seria eticamente correto e/ou corporativamente razoável para ignorar. Um nível que nós devemos ser capazes de alcançar sem intervenções que impliquem em “redesenhar” a máquina.

 

MODIFICAÇÕES SUBSTANCIAIS DA MÁQUINA E SEGURANÇA Vamos começar por repetir que não queremos falar sobre leis nacionais aqui, mas sim sobre gestão corporativa adequada, que explora situações que possam surgir, a fim de colher os melhores benefícios sob todos os perfis possíveis.

Então, vamos considerar o que acontece concretamente quando decidimos fazer uma modificação importante em uma máquina existente, uma modificação que vai muito além da manutenção ordinária ou extraordinária. Quando decidimos sobre a modificação, a intenção é claramente ganhar uma vantagem competitiva.

O que nós queremos fazer é adaptar uma máquina existente às novas exigências, em vez de comprar uma nova.

Para obter um resultado realmente importante, devemos intervir na máquina em uma fase de “design” aprofundada e com um nível de invasão tal que admita a hipótese de uma renovação de algumas peças mecânicas e de muitos elementos do sistema de controle. Assim, através da realização de tais modificações profundas, colocando em questão a própria concepção da máquina, claramente adquirimos todos os elementos e consideramos todos os aspectos relacionados, até mesmo uma melhora forte e radical do nível de segurança. Nesse ponto, realmente faz sentido reconsiderar o nível de segurança, tomando a tecnologia de última geração como referência. E de quebra, possíveis melhorias também implicam custos reduzidos, pois eles irão, em qualquer caso, explorar muitos elementos já necessários para colocar a modificação substancial que queremos em prática.

 

COMO ATUALIZAR A SEGURANÇA DAS MÁQUINAS QUE SOFRERAM MODIFICAÇÕES SUBSTANCIAIS.  Apenas um aspecto ainda precisa ser tratado com cuidado, a fim de evitar surpresas ou complicações inúteis: entender o que é importante fazer e o que é inútil ou mesmo contraproducente, em termos de atualização de segurança quando se trata de intervenções de modificação substancial de uma máquina.

Evidentemente, uma máquina que foi substancialmente modificada em produtividade e/ou nos tipos de produções que podem ser feitos nela, não é uma máquina completamente nova. Então as intervenções, incluindo aquelas para melhorar a segurança, devem chegar a um acordo com uma série de restrições “físicas” que não estão presentes para aqueles que começam a projetar uma nova máquina “do zero”.Uma estratégia atenta e precisa é necessária, que permita distinguir o que é indispensável do que é somente útil e do que não leva a qualquer benefício concreto. Para fazer isso, falando de segurança, não podemos prosseguir somente com uma avaliação de riscos atenta e precisa e uma análise posterior da parte técnica, mas também com medidas organizacionais que podem ser adotadas a fim de reduzir o risco residual a um mínimo. Então, é verdade que soluções relacionadas à segurança de novas máquinas presentes no mercado são uma referência essencial e um ponto de comparação, mas é também tão claro que, ao falar sobre as máquinas existentes, vamos por força ter que filtrar o raciocínio através do instrumento fundamental da avaliação de risco.

 

 

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