Desenvolvimento & Progresso
A proliferação dos instrumentos e programas aptos a melhor administrar os diferentes aspectos de nosso trabalho e de nossas vidas, por um lado nos dá uma sensação da segurança e poder, por outro lado nos faz sentir dependentes dos meios que nos oferecem tais oportunidades. Se nosso celular não funciona, se nosso computador de bordo decide parar de funcionar, se nosso PDA não pode se conectar com o escritório, nossos contatos com as pessoas e nossas programações de trabalho são fortemente afetados. Nesse ponto, nossa inteligência pode ser usada somente para rogar pragas refinadas.
Frequentemente, a escolha de confiar em mais poderosos e refinados instrumentos é ditada mais por necessidades artificiais induzidas do que por necessidades pessoais reais. Este dilema - delicado e difícil de controlar e ambíguo em suas interpretações - lembra a análise que Pier Paolo Pasolini fez 40 anos atrás, na comparação entre o Desenvolvimento e o Progresso. Com o primeiro termo, referiu-se à tendência para uma produção crescente dos bens com o benefício real de alguns, e com o segundo, à melhoria das condições de vida coletiva. As corajosas críticas sociais do autor de Scritti Corsari vistas à luz da realidade de hoje eram premonitórias, para dizer o mínimo. E estudos recentes feitos por economistas de renome mundial sublinham uma tendência para os desequilíbrios socioeconômicos que nos catapultam para duzentos anos atrás.
Se projetarmos estas considerações para o mundo do tissue, cada um de nós pode chegar a conclusões baseadas em nossa própria história pessoal, mas no final, somos obrigados a defender este setor que, simultaneamente com uma melhoria constante em seus meios de produção, promoveu a qualificação da higiene, permitindo saltos importantes de qualidade em todas aquelas situações nas quais se tornou parte da vida cotidiana.
A ausência da água e de serviços de higiene é não somente causa para doenças, mas expõe também – principalmente as mulheres - aos riscos da agressão. Na Índia, “Cerca de 60 por cento da população rural defeca ao ar livre e, assim como as mulheres e as meninas, se expõe ao perigo quando sai à noite. Isto ameaça não somente sua dignidade, mas sua segurança também,” declarou o representante da UNICEF, Louis-Georges Arsenault.
As dificuldades em encontrar novas estradas para resolver os nossos problemas econômicos bem poderiam levar em séria consideração os “clientes” mais carentes: Talvez não seja um mercado atomicamente rico, mas é certamente numericamente grande.
Maura Leonardi