PJL-42

Fábrica de papel, Papel e Economia Verde

“Economia Verde” significa orientar nossas ações através de comportamentos que incorporam o máximo respeito pelo meio ambiente, em todos os setores. Um ambiente respeitado garante um “solo ético” e contribui, mais do que qualquer outra atividade, para a qualidade de vida.

Federico Boario – Comitê Estratégico EDINOVA

A crise atual está impondo comportamentos eficientes; os desperdícios aos quais a sociedade estava acostumada hoje representam custos, enquanto que, no passado, quando a economia era mais florida, eles também poderíam ter se passado por conveniências. É uma realidade complexa à qual estamos tendo dificuldade de adaptação. E ao falar do mundo de papel e de seus valores, pouco se fala sobre a contribuição que este pode dar à "economia verde" e sobre ela está se tornando necessário recorrer aos suportes de papel para armazenar memória. E isso apesar do fato de que o progresso propõe novos meios virtuais de arquivamento que permitem economizar espaço mas que, comparados ao papel, estão expostos aos riscos e geram custos adicionais. "Economia Verde" significa orientar nossas ações através de comportamentos que incorporam o máximo respeito pelo meio ambiente, em todos os setores. Um ambiente respeitado garante um "solo ético" e contribui, mais do que qualquer outra atividade, para a qualidade de vida.

O papel e as contradições de nossa sociedade. "A tecnologia da informação e o computador terão um forte impacto sobre o consumo do papel... Um dia, o papel irá desaparecer..." Estas são afirmações que ainda ouvimos hoje e que causaram sérias preocupações ao sistema / papeleiro, e esse conceito faz um sucesso inacreditável devido à dificuldade de lidar com a mudança, a inovação e o desenvolvimento.
Cada inovação é vivenciada como um fenômeno que irá cancelar tudo que a precedeu para dar abertura a um mundo novo e melhor - esperamos - sem espaço para voltar atrás. Roy Lewis, em "Evolution Man", faz o inventor do arco e da flecha dizer: "... com esta arma, não haverá mais guerras...". A história o desmentiu, exatamente como irá desmentir aqueles que afirmam que a TI causará a extinção do papel. A contradição se encontra no fato de que a conservação da memória não deve ser confiada a outra mídia. Os documentos de TI acabaram ficando obsoletos com o tempo pela evolução dos sistemas de leitura: quem hoje em dia é capaz de "ler" WordStar? Como recuperar textos escritos em linguagens que não estão mais em circulação? Para o usuário comum, significa enfrentar custos de recuperação e tradução para linguagens atuais que o suporte de arquivamento em papel não acarreta. Ler um arquivo antigo é mais complexo do que interpretar um papiro de quatro mil anos!

O papel é o descendente do "solo ético". A fábrica de papel assume uma função diferente daquela de outras estruturas de produção. Produzir papel a partir do algodão ou de madeira é uma operação que respeita o meio ambiente - uma operação cara - que sobreviveu nos museus: Ver o papel tomar forma e sair da água é um espetáculo. Em essência, o processo não mudou. A máquina de papel segue os mesmos passos que a produção manual: polpa, cinta de cobre e cilindro de secagem apenas repetem gestos antigos mecanicamente. A máquina de papel é um conjunto integrado, com certeza um aparelho faminto por energia e, como tal, se torna um dos fatores estratégicos da economia verde. Visitando o MIAC, ficamos impressionados ao ver o quanto a indústria global está trabalhando para melhorar a produção em respeito ao meio ambiente e à contenção de despesas.
A cadeia de suprimento de papel começa com um solo ético capaz de produzir árvores que podem ser transformadas em celulose, com cortes e reflorestamento - replantando mais do que é cortado - com sistemas de transporte conectados a vias fluviais, mais baratas e menos poluentes. É uma cadeia de suprimento agrícola que respeita o meio ambiente e que, desde o seu início, contribui com a preservação e o enriquecimento do território. Países no norte da Europa, Canadá e alguns estados dos Estados Unidos transformam isso em uma ferramenta para melhorar o turismo e a qualidade de vida. Podemos considerar o ato de trabalhar em uma floresta como uma missão ou uma riqueza: em Como Agarrar Um Milionário, Betty Grable se apaixona por um guarda florestal que, do topo de seu observatório, mostra a floresta a ela e diz: "Tudo isso é meu".

Economia verde e fábrica de papel. Ao final da cadeia de suprimento, encontramos a fábrica de papel, seguida apenas pela distribuição aos usuários. Antes de decidir onde construir a fábrica de papel, são feitas pesquisas que permitem a redução do impacto no solo, os filtros necessários são determinados de forma que a reemissão das águas de processamento ao meio ambiente não afetem a agricultura local: quaisquer fibras residuais de celulose logo perdem seu fator de risco e voltam ao ciclo ambiental. Dentro das fábricas, não são consumidas bebidas alcoólicas a fim de evitar distrações em volta da área de perigo da máquina. O calor necessário para a secadora Yankee é reutilizado para cogerar energia, reduzindo os custos de produção e o impacto ambiental.
Os recursos econômicos necessários para a fábrica de papel e sua atualização são investimentos, não custos, porque o longo período de substituição da tecnologia - até mesmo décadas - e as longas amortizações consequentes podem ser absorvidos pela economia do produto. A lama pode ser reutilizada para produzir mercadorias para o setor da construção e materiais agrícolas. Um ciclo virtuoso. Mesmo se a fábrica de papel não operar em um contexto verde, ainda assim gerará um benefício ambiental direto para o território: é um dos principais instrumentos de produção verde. Produz de forma eco compatível utilizando recursos que economizam energia e reduzem o impacto.

O valor do papel. O papel é sempre utilizado de maneiras nobres que podem ser resumidas em um contexto "cultural-coletivo" que coloca no centro do processo é uma oferta prática por parte das empresas para a demanda do consumidor. A empresa Mulino Bianco demorou anos para poder colocar o símbolo "reciclável como papel" em suas embalagens. A Economia Verde recai dentro de um novo paradigma econômico que redefine os equilíbrios do sistema de "cidadãos, instituições e empreendimentos". E na conservação das memórias também: o papel não precisa de energia para ser preservado. Quanto custam as memórias que não são feitas de papel: os cartões, a nuvem, os arquivos de TI? Quanta energia eles absorvem a fim de sobreviver e quanto o risco de rotatividade tecnológica influencia isso? Essas são as questões que devem ser respondidas, porque os baixos custos de conservação dos arquivos de TI são aparentes se considerarmos os custos de sua manutenção e do equipamento à disposição.

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