PJL-42

A Amazônia Peruana, onde até mesmo um simples rolo de papel higiênico pode mudar sua vida!

O Peru é um dos países que mais cresce na América Latina, com a média de crescimento em 2013 calculada em 5%. Juntamente com outros países da região, como o Brasil, o Equador e o Chile, citando apenas alguns, é o motor econômico mundial para os próximos anos.

Maria Poggi, Colaboradora Internacional

O Peru é o terceiro maior país da América do Sul, depois do Brasil e da Argentina. Um país multicultural, com uma forte presença de uma população bilíngue pertencente a diferentes grupos étnicos que habita principalmente a região da Cordilheira dos Andes e da Floresta Amazônica.

Apesar de todos os indicadores macroeconômicos estarem subindo, ainda existem grandes áreas de pobreza e miséria entre os povos nativos (Quechua e amazônico), as principais vítimas desta exclusão social. A distribuição de renda ainda é muito desigual, e a brecha de desenvolvimento entre a região rural e urbana está aumentando. Neste contexto, também os direitos humanos básicos, como o registro de nascimento, a educação e a saúde, não são garantidos a todos; na maioria dos casos, são os grupos mais frágeis, como as mulheres, as crianças e aqueles que residem em locais menos acessíveis que sofrem com esta situação.

PASSEI DOIS ANOS NO PERU realizando UM TRABALHO, vivendo com um povo nativo na Floresta Amazônica, coordenando um projeto cooperativo de desenvolvimento para melhorar a inclusão social desses povos através do acesso aos direitos humanos básicos, como o de ser registrado ao nascer, à educação e à saúde.

O foco do projeto foi a província de Condorcanqui, no norte do país, na fronteira com o Equador, na região do Amazonas, em um território historicamente ocupado por povos nativos de origem Awajun e Wampis. A paisagem é caracterizada por água: uma encruzilhada de rios que fluem para o grande Marañon (um dos principais afluentes do Rio Amazonas) que dão origem à biodiversidade do território, mas, ao mesmo tempo, tornam o acesso um problema.

As distâncias imensas, as dificuldades de comunicação, a falta de estrutura de serviços sociais e a alteração do habitat devido ao desmatamento ou à poluição são apenas alguns dos fatores que impedem a melhora das condições de vida desse povo que, ainda hoje, é vítima da miséria em um país que cresce a níveis superlativos. Esta parte do território peruano também carece de água potável, de saneamento e de esgoto, assim como de outras necessidades básicas, tais como eletricidade, remédios, livros e lousas, sabão e até mesmo comida.

A POPULAÇÃO ESTÁ ORGANIZADA EM COMUNIDADES NATIVAS QUE HABITAM AS MARGENS DOS PRINCIPAIS RIOS ou vão até mais além - em direção à floresta mais densa. Aqui, os povos vivem dos frutos da terra, como banana, mandioca, manga, mamão e os frutos das palmeiras (coco, buriti, pupunha). Outra fonte de alimento é os peixes de água doce, que estão cada vez mais difíceis de encontrar devido à intensa poluição dos rios.

A caça, que já foi a fonte principal de proteína da população, também está diminuindo. Os animais estão se afastando das áreas habitadas, e a caça se tornou uma atividade cada vez mais difícil. Na comunidade, as condições de higiene são precárias; não há fontes públicas, e a coleta da água do rio ou da chuva é a única fonte de suprimento deste precioso bem.

A água do rio está intensamente poluída.

Por isso, a deve ser fervida antes de utilizada para beber e cozinhar. Isso ainda não se tornou hábito entre as famílias nativas, e a diarreia - até mesmo em suas modalidades mais graves - é a consequência, principalmente entre as crianças. Não existem banheiros e, apenas em alguns casos, latrinas públicas ou particulares são utilizadas.

As mercadorias são transportadas pelo rio através das típicas canoas construídas dos troncos de árvore da floresta, e chegam à comunidade em regime esporádico, já que o fluxo depende muito das condições sazonais de navegação.

Em um contexto como este, nada é desvalorizado. Uma vela, um fósforo ou um rolo de papel higiênico são considerados itens de luxo, disputados e caros.

Mais do que os outros, o papel higiênico é escasso, e a baixa difusão de uma cultura de higiene pessoal gera usos diferentes daqueles que nós, europeus, consideramos tradicionais.

Com frequência, ele é utilizado como guardanapo para limpar a boca e as mãos.

Muitas vezes, como decoração em eventos escolares e comunitários, sendo cortado e colorido, quando possível.

O tubete de papel-cartão é separado e utilizado para os mesmos fins.

Esses hábitos difundidos são observados não apenas nas populações nativas mais isoladas, mas também em centros povoados frequentados por muitos trabalhadores e onde a comunicação com o resto do mundo é mais consistente. É raro encontrar banheiros com papel higiênico nos pequenos restaurantes da capital da província.

Então, um conselho para os turistas que desejam conhecer este país maravilhoso: leve sempre com você um pequeno rolo de papel higiênico.

Pode ser útil em várias situações, e certamente tornará sua estadia no Peru muito mais agradável. *

Comentário:
Login ou Registro Publicar comentário
PERINI JOURNAL 42